vivo nas margens da escrita
com a chama dum frio que não abala
e um inventário de esperanças,
logo a saudade vem comigo à fala
a vida é uma aventura excessiva
reinvento-me nesse labirinto
que é viver, e sentir-me viva
nutrindo-me de melancolia
para sobreviver
rememoro poemas, os mais intensos,
ou ali ao acaso
onde a leitura me faz tremer,
o tempo já os vai desvanecendo
- prontos a morrer
desprotegidos, nada justifica
a sua existência
nada os vivifica, ficam escuros
como o fundo duma mina
e nele abafam as lembranças
de menina
chega do silêncio o fastio
os olhos leem até ao esgotamento
abrem-se ao vazio,
com um frio que corta!
- os sonhos tocam ao de leve,
inquieta-me esta mudez,
e o esquecimento
parece, que a vida é coisa morta
para quê importar-me
- com a sorte
dos meus poemas?
natalia nuno
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